Nutrição infantil: a hora de dar açúcar para as crianças

Comer bem é um hábito que deve ser treinado desde cedo. Especialistas em nutrição infantil defendem: nada de dar açúcar para criança menor de 2 anos.

Nem sempre é fácil manter uma alimentação saudável diante de tantas tentações, não é mesmo? Mas comer bem é um hábito e, como tal, deve ser treinado desde cedo. Por isso, a maioria dos especialistas em nutrição infantil afirma: nada de dar açúcar para crianças antes dos 2 anos de idade.

O consumo de açúcar na infância está relacionado a diversos problemas na vida adulta, como diabetes, obesidade e doenças do coração. Sem contar que o açúcar agrava males como a asma e prejudica a saúde bucal. Além disso, a presença de doces na nutrição infantil contribui para um paladar que pede mais e mais açúcar com o passar do tempo. 

Outra preocupação associada ao hábito de dar açúcar para as crianças é a hiperatividade. Da mesma forma, o consumo de doces, balas e refrigerantes pode aumentar a concentração de insulina e adrenalina no sangue. Tanto a hiperatividade quanto a insulina e a adrenalina no sangue dificultam a concentração, provocam ansiedade e deixam os pequenos mais irritados. 

De acordo com o Guia Alimentar do Ministério da Saúde, nem mesmo o mel deve ser utilizado nos primeiros anos de vida. 

Alternativas ao açúcar

O documento alerta que bebês com até 2 anos de vida devem consumir bebidas sem nenhum tipo de açúcar. Não devem ser usados o açúcar branco nem o mascavo, cristal, demerara, açúcar de coco, xarope de milho, mel, melado ou rapadura. Do mesmo modo, bolos, biscoitos, doces e geleias devem ficar fora da mesa.

Afinal, neste período é que se formam os hábitos alimentares, e muitos deles acompanharão a criança pelo resto da vida.

A melhor saída é trocar as comidas muito açucaradas por alimentos como grãos, cereais, frutas, legumes e tubérculos. Eles dão energia e, ao mesmo tempo, nutrem a criança com proteínas, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais. 

Assim, os pequenos têm combustível suficiente para atividades do dia a dia como correr, jogar bola e estudar, bem como para o processo de desenvolvimento infantil.

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O Guia Alimentar lembra ainda que a criança já tem preferência pelo sabor doce desde o nascimento. Então, se ela for acostumada com preparações adoçadas, poderá ter dificuldade em aceitar verduras e legumes. A tendência também é que a criança não goste de outros alimentos que despertam sensações como o amargo, o azedo ou até mesmo o doce natural dos alimentos in natura.

Para crianças acima de 2 anos, a recomendação dos especialistas em nutrição infantil é: prefira as versões mais nutritivas, como mel, açúcar mascavo, de coco, demerara, orgânico ou melado.

Para beber, aposte na água

Por outro lado, especialistas em nutrição infantil destacam que precisamos ficar atentos ao açúcar escondido em sucos prontos, refrigerantes e achocolatados de caixinha. 

Muitos alimentos processados escondem grandes quantidades de açúcar. Por exemplo: 1 copo de 200ml de suco de laranja de caixinha contém 9 gramas de açúcares, 1 lata de 350ml de refrigerante tipo cola contém 37 gramas e 200ml de achocolatado tem 29 gramas de açúcares.

Portanto, para matar a sede, a melhor opção ainda está na boa e velha água. Água de coco e sucos naturais também são super saudáveis e não precisam de açúcar para acompanhar. Basta acostumar o paladar da criança a coisas um pouco mais azedinhas, como um suco de laranja ou de abacaxi.

Desembrulhe menos, colha mais

Até mesmo produtos industrializados salgados podem esconder açúcar em sua composição. É o caso, por exemplo, de certas marcas de molho de salada pronto, ketchup, lasanha congelada, embutidos, molho de tomate processado e leite em pó.

A adição de fibras na nutrição infantil também diminui a absorção do açúcar. Elas podem ser encontradas em alimentos como as cascas das frutas, grãos integrais, brócolis, aveia e chia. Este tipo de fibra ajuda a desacelerar o processo de absorção de açúcares, regulando a glicose no sangue.

Baixe a cartilha Nutrientes e veja como aproveitar os benefícios de cada alimento.

Outra observação é em relação aos iogurtes. Muitos deles têm uma alta concentração de açúcar. Então, aqui também vale a recomendação de ouro dos nossos avós: desembrulhe menos, colha mais. Em outras palavras, quanto mais natural melhor!

Para especialistas em nutrição infantil, o açúcar deve ser alimento de exceção, não de regra. A American Heart Association recomenda não mais do que 6 colheres de chá (25 gramas) para mulheres adultas e crianças de 2 a 19 anos, e 9 colheres de chá (36 gramas) para homens adultos.

Obesidade infantil 

Os números comprovam que a obesidade infantil não é brincadeira. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em 2025 o número de crianças obesas no planeta chegue a 75 milhões. A Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição 2011-2014, dos Estados Unidos, analisou dados de mais de 800 bebês e crianças entre 6 e 23 meses. 

Como resultado, durante as 24 horas de registro, o diário alimentar das crianças mostrou que:

  • 85% dos bebês e crianças consomem açúcar adicionado todos os dias.
  • Cerca de 60% dos bebês de 6 a 11 meses, em média, bebem pouco menos de 1 colher de chá de açúcar por dia.
  • 98% dos bebês de 12 a 18 meses consomem, em média, 5,5 colheres de chá de açúcar adicionado por dia.
  • 99% dos bebês de 19 a 23 meses chegam a consumir mais de 7 colheres de chá de açúcar adicionado em um dia – mais do que a máxima diária recomendada para adultos.

Os pesquisadores levaram em conta alimentos que continham açúcar de cana, xarope de milho rico em frutose, mel ou outras formas de açúcar, mas deixaram de açúcares naturais de frutas, legumes e leite. 

Adolescentes e adultos

Infelizmente, no Brasil, a situação não é muito diferente. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz, cerca de 15% das crianças e 8% dos adolescentes sofrem de problemas de obesidade. 

Oito em cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta. Já um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 1 em cada 3 crianças está acima do peso no Brasil. 

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