Pré-natal e os cuidados durante a gravidez

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Decidir engravidar é um grande passo na vida de uma mulher. A partir do momento em que ela escolhe ser mãe, um processo de transformação física e mental se inicia. E, para garantir a sua saúde e a de seu bebê, se faz muito importante o acompanhamento pré-natal. 

Nós conversamos com a Dra. Lorena Lemos Soares (CRM 12.133), ginecologista e obstetra, que atende pela Clínica PartMed na Serra, ES, sobre os cuidados que se fazem necessários durante a gravidez. Mas, primeiro, por que fazer um pré-natal? Como ele funciona e quando começar?

Consulta pré-concepcional

O acompanhamento médico deveria se iniciar, idealmente, assim que a mulher toma a decisão de tentar engravidar. A realização de uma consulta pré-concepcional é necessária para identificação de riscos e orientações relevantes à mulher. Esta é a garantia ideal para uma gravidez saudável.

Neste momento, o médico analisa o histórico clínico, ginecológico e obstétrico da futura mãe, além de realizar exames físicos e solicitar exames laboratoriais.

O histórico clínico busca identificar e tratar possíveis doenças prévias que possam influenciar diretamente na gestação, como o diabetes e hipertensão arterial. É também observado o histórico comportamental da mulher a fim de perceber se há consumo excessivo de álcool e tabagismo.

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A avaliação do histórico ginecológico e obstétrico verifica a ocorrência de gestações anteriores, o intervalo entre elas, partos e possíveis casos de abortamento e pré-eclâmpsia.

No exame físico, o médico avalia condições gerais da mulher, além de peso e altura, e oferece orientação nutricional e de hábitos para a preservação de sua saúde.

Exames recomendados:

  • Hemograma;
  • Glicemia;
  • Função da tireoide;
  • Sorologias infecciosas para HIV, hepatites B e C, rubéola e sífilis

Exames pré-natal

Apesar de, idealmente, o acompanhamento médico pré-natal se iniciar assim que a mulher tem o desejo de engravidar, a realidade da maior parte das mães e gestantes não é assim.

Nesses casos, a indicação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que o acompanhamento pré-natal se inicie assim que a gravidez for descoberta e que seja dada continuidade por divisão de períodos trimestrais. Ao todo, um mínimo de oito visitas devem ser realizadas, sendo: uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e cinco no terceiro trimestre.

Primeiro Trimestre

A primeira consulta é fundamental para a identificação de quaisquer fatores que possam representar grave risco à gestação, como: incompatibilidade do sistema RH, rubéola, HIV, toxoplasmose, hepatites B e C e citomegalovírus. Pode haver, também, solicitação de exames de urina e fezes caso haja indicação clínica. 

Nesse momento o médico também costuma solicitar uma ultrassonografia obstétrica inicial para confirmar a data da gestação, se o embrião está se desenvolvendo no lugar correto dentro do útero, e se a gravidez é única ou de gêmeos.

No final deste período, entre 11 semanas e 3 dias a 13 semanas e 6 dias, é aconselhável que se faça a ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre. Ela é importante para estabelecer se o feto corre risco de sofrer síndrome cromossômica, como a síndrome de Down.

Exames recomendados:

  • Tipagem sanguínea e fator Rh;
  • Coombs indireto (se a mãe for Rh negativo);
  • Glicemia em jejum;
  • Dosagem de TSH e T4 livre;
  • Sorologias infecciosas para citomegalovírus (somente para grupo de risco), HIV, toxoplasmose, HIV, hepatites B e C, rubéola e sífilis (caso a gestante não tenha feito os exames pré-concepcionais)
  • Urocultura + urina tipo I;
  • Citopatológico de colo de útero (papanicolau);
  • Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica);
  • Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica);
  • Ultrassonografia obstétrica inicial;
  • Ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre.

Segundo Trimestre

É na ultrassonografia morfológica de segundo trimestre que se descobre o sexo do bebê. O propósito deste exame é identificar malformações estruturais no feto, como: rachadura labial, microcefalia e anomalias congênitas cardíacas.

Neste período também é feito, nas gestantes que apresentaram estado considerado normal no exame prévio de glicemia em jejum, o teste de tolerância oral à glicose 75mg. O propósito é diagnosticar se há diabetes gestacional.

Exames recomendados:

  • Ultrassonografia morfológica de segundo trimestre;
  • Teste de tolerância oral à glicose 75mg (caso a gestante apresente glicemia de jejum normal em avaliação prévia).

Terceiro Trimestre

Na última fase do pré-natal são repetidos o hemograma e algumas sorologias, caso a gestante tenha apresentado resultado negativo para as patologias investigadas nos exames anteriores. Também se realiza a pesquisa da bactéria estreptococo do grupo B (entre 35 e 37 semanas), que pode ser transmitida para o bebê durante o parto normal.

Exames recomendados:

  • Sorologias para sífilis, HIV, toxoplasmose (se permanecer negativa) e  hepatites B e C;
  • Hemograma;
  • Pesquisa do estreptococo do grupo B (entre 35 e 37 semanas);
  • Ultrassonografia obstétrica para avaliação do crescimento fetal (entre 34 e 37 semanas).

Pré-natal e gravidez de risco

São inúmeras as situações onde uma gestação pode se enquadrar nos quadros de risco. De forma geral, esse cenário acontece quando existem doenças maternas prévias à gestação, antecedente de intercorrência em gestação anterior ou condições obstétricas de risco na gestação atual.

Esses casos precisam ser acompanhados mais rigorosamente, o que pode incluir consultas e exames pré-natal adicionais.

Opinião profissional

As perguntas abaixo foram respondidas pela ginecologista e obstetra Dra. Lorena Lemos Soares, em relação a outros cuidados pertinentes a uma gestação:

  • É preciso tomar alguma vacina?

Sim. A gestante deve ter imunização para Hepatite B, Influenza e tétano (existe uma específica para gestantes). A época em que cada vacina deve ser feita é orientada nas consultas de pré-natal.

  • Deve-se seguir uma dieta especial?

Se sua saúde estiver normal, a gestante seguir hábitos saudáveis normais. Caso haja alguma doença como diabetes gestacional, há orientações dietéticas específicas.

  • É preciso suspender as medicações de uso contínuo?

Depende… Mas, antes de suspender ou dar continuidade ao uso, deve-se consultar o médico.

  • Apenas as consultas obstétricas já são suficiente para o pré-natal?

Na maioria das vezes sim, mas há gestantes que necessitam de acompanhamento especial com endocrinologista, psiquiatra, nutricionista entre outros.

  • É necessário prestar atenção em algum sintoma?

A gestação é uma fase de muitas transformações, isso pode gerar alguns incômodos. Porém, vômitos excessivos, cefaleia incapacitante, sangramento vaginal, febre e sintomas de doenças infectocontagiosas devem ser investigados.

  • Quais remédios podem ser usados durante a gravidez?

Vitaminas, de forma geral, devem ser utilizadas. Fora isso as medicações são a depender das necessidades de cada mulher.

  • Preciso mudar algo na minha rotina?

A princípio não. Mas o uso de motocicletas para transporte e exercícios de alto impacto por exemplo, são situações a serem discutidas com seu obstetra.

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