Como aliviar a solidão em idosos
A tecnologia pode ser uma excelente aliada para aliviar a solidão em idosos, especialmente neste período de isolamento social.
No Brasil, hoje, existem mais de 4 milhões de idosos morando sozinhos. E, além dos desafios naturais da terceira idade em atividades do dia a dia, a solidão se torna um fator complicador para a saúde física e mental dessas pessoas. Especialmente neste período de isolamento social que estamos vivendo, devido à pandemia do novo coronavírus.
Para entender melhor os efeitos da solidão em idosos e como tratá-la, nós conversamos com o Dr. Jeferson Nunes Ferri (CRM 22027), Clínico Geral e Psiquiatra que atende pela Prevclin, uma das clínicas credenciadas ao Cartão MedSempre.
Os efeitos da solidão em idosos
A solidão e o abandono são o maior medo dos idosos brasileiros, seguido pelo medo de depender de alguém e o medo de doenças graves. E, apesar disso, idosos que moram sozinhos representam hoje cerca de 14% da população acima dos 60 anos.
Segundo o Dr. Jeferson, doenças como depressão e ansiedade são um grande risco na melhor idade. Ainda mais com a política atual de isolamento social devido ao surto de Covid-19, baixa autoestima e sensação de abandono são grandes males aos quais os idosos estão expostos.
Um estudo realizado pela Plos Medicine durante 28 anos, nos EUA, a convivência social pode reduzir em até 12% a possibilidade de desenvolvimento de demência em indivíduos acimas dos 60 anos.
Como evitar a solidão em idosos?
Com o passar dos anos, é natural que as interações sociais diminuam, especialmente após a aposentadoria. E, aqui, a organização de uma rotina saudável de afazeres, alimentação e atividade física pode fazer toda a diferença.
Manter um hobby, participar de eventos sociais e frequentar locais que estimulem a interação (como academias) é um excelente meio de manter o idoso ativo e diminuir a sensação de solidão.
Mas, em tempos como os que estamos vivendo, a tecnologia acaba sendo a maior aliada para unir as pessoas. Participar de videoconferências com os familiares e amigos é um ótimo meio de se distrair e manter a proximidade social.
Existem também diversas redes sociais e aplicativos de companhia para idosos, mas o Dr. Jeferson alerta: é preciso tomar cuidado com companhias virtuais desconhecidas, pois criminosos podem se aproveitar dessa situação e tentar furtar informações importantes da pessoa nesses momentos.
Asilo é uma boa solução para que o idoso não se sinta sozinho?
Depende muito. É comum que a internação em um asilo torne o idoso ainda mais solitário, mesmo com pessoas da sua faixa etária ao redor. Isso acontece especialmente pela sensação de abandono. Por mais que novas amizades possam nascer neste convívio, a presença de familiares e conhecidos é indispensável para a saúde mental do idoso.
O Dr. Jeferson também aponta que é preciso se certificar de que o estabelecimento atende a todas as normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde e que os cuidadores são todos devidamente capacitados para a atividade.
Outro ponto muito importante é que se converse com o idoso sobre o assunto e que a decisão seja conjunta, para uma melhor adaptação ao novo convívio e rotinas diárias.
Como tratar a ansiedade e a depressão em idosos no dia a dia?
Como dito anteriormente, organizar uma rotina é muito importante para que a pessoa se sinta útil e se mantenha sempre em movimento. Mas, caso a sensação de solidão seja realmente prejudicial à saúde do indivíduo, deve-se organizar uma videoconferência com um psicólogo e um psiquiatra a fim de diagnosticar episódios mais graves.
“Caso o médico ache necessário,” ressalta Dr. Jeferson, “é possível iniciar medicação e outros procedimentos constantes para o tratamento dos quadros de depressão e ansiedade. Se ocorrer um caso de urgência, sempre é preferível procurar o psiquiatra pessoalmente tomando todas as medidas necessárias para o momento.”
“O uso de álcool em gel, máscaras e luvas, que o idoso se desloque de carro até o consultório e mantenha a distância mínima de um metro e meio de outras pessoas. No carro, que utilize o banco traseiro e esteja sozinho ali, como medida de prevenção contra o coronavírus”, completa.
Quais sinais os filhos e cuidadores podem ter de que algo não vai bem com eles?
Muitas vezes silenciosas, as doenças causadas pela solidão em idosos podem apresentar sinais sutis que devem ser observados de perto. O Dr. Jeferson ressalta a importância de avaliar mudanças de comportamento como:
- falta de comunicação que ocorria diariamente;
- pessimismo com relação à situação atual;
- falta de vontade ou energia para realizar as tarefas ou rotinas propostas;
- sensação de abandono;
- derrotismo;
- desespero;
- baixa autoestima;
- irritabilidade;
- impulsividade;
- insônia;
- falta de apetite;
- palpitações;
- dor torácica;
- dor no estômago;
- angústia no peito.
Esses sintomas devem ser observados excluindo-se, claro, casos antecedentes de infarto, acidente vascular cerebral, úlcera gástrica etc. Para estes, o devido tratamento de cada condição deve ser executado separadamente.